27 de dezembro de 2007

Retirada do site www.enraizados.com.br

Entrevista com o Poeta GOG
Enraizados - Qual sua cidade natal?
GOG - Nasci em Brasília, 15 dias depois de meus pais chegarem aqui, vindos do Piauí.

Quando você começou a cantar rap?
Meados de 85. Antes dançava break, fazia parte do Grupo "Os Magrello´s".
Quem são os integrantes de sua equipe hoje?
São 20 pessoas trabalhando diretamente, ou seja, todos viajam sempre que possível para acompanhar as celebrações.
Não fazemos mais shows que no nosso entender é algo muito plástico, superficial.
Fazemos celebraçõess que consistem em interagir com a comunidade. Por onde passamos deixamos saudades.

Quantos anos cê tem de carreira e quantos disco cê gravou até hoje?
Estou no hip hop desde 81.
Mas desde 77 frequentava os chamados "sons" que eram festas que aconteciam na casa de amigos, vizinhos, muitas vezes também éramos "penetras" ahhaha!
São oito discos gravados e várias participações.

Fale da participação na coletânea Suburbano Convicto pelas Periferias do Brasil.
A literatura marginal é o oxigênio do Hip Hop.
Algo que faltava. Ela reforça o texto, a crítica, ou seja forma pessoas com textos mais maduros. Fiquei muito feliz de ser lembrado pelo Buzo, pois quero ajudar a fortalecer essa corrente e a estreitar nossos laços.
Quais as conquistas do ano de 2007?
Já me disseram que sou uma "revolução de um homem só".
Demorei a entender o significado disso, mas realmente faz parte da minha personalidade.
Não consigo esperar, vou lá e faço, gravei meu dvd com recursos próprios, tenho meu estúdio, minha gravadora, os amigos que quero, a família que amo, tudo isso por iniciativa própria.Não me deixo ficar nas mãos dos outros, não gosto de ser refém!
Mas uma vez no controle, tenho o cuidado passar para as pessoas que isso é dom e não algo que me faz ser melhor, ou pior que nenhum dos parceiros.Em 2007 isso foi muito bem trabalhado.
Todas as nossas conquistas profissionais foram planejadas. Tínhamos noção do nosso potencial e de onde poderíamos chegar.Deu certo, mas muitas vezes não acontece. Ao se traçar metas, deve-se estar ciente dos riscos.

Quais as espectativas para 2008?
Que seja bem melhor para todos!

Em sua opnião, como anda a política do país?
Olha, em primeiro lugar gostaria de desfazer uma forma errada que as pessoas têm de encarar meu trabalho.Não faço som político.
Faço som politizado.Não tenho nenhuma pretenção político partidária e não vejo com bom olhos a eleição de ninguém que diga ser "Representante ou Candidado" do Hip Hop.
Nosso movimento é apartidário, é cultural, popular, de resistência, regulador e de interação. Já fui recebido algumas vezes pelo Presidente, mas sempre com a postura de alguém que dialoga pensando no Brasil. Se ele errar eu cobro, sempre deixei isso claro nos encontros.
O Governo Lula é um avanço, um primeiro passo, muito importante, embora discorde de várias atitudes do Governo: Alianças com Sarney, Renan Calheiros, Transposição do Rio São Francisco. Tropas Brasileiras no Haiti, política de concessão de rádios e tv, entre outros pontos. Mas ouve muitos avanços nas áreas sociais, culturais, etc.

O Que mudou no hip hop nesses mais de trinta anos no Brasil?
O Hip Hop meio que perdeu o fio da meada
Tem muita gente querendo se "ajeitar na vida", fazer sua "revolução financeira pessoal", isso atrapalha a todos. Percebo isso com clareza.
Somos um gigante, mas pelo tamanho das nossas pernas, andamos ainda muito pouco. Mesmo assim não percebo a crise no Hip Hop que todos falam.
Acho que o momento é de adequação e quem não perceber isso vai ficar pra trás.

Cite cinco músicas que ouve com frequência.
Ouço trabalhos: Adoro Lenine, Djavan, Nelson Gonçalves, Gerson King Combo, o Tref da Zona Sul de SP( Ferréz+ Maurício DTS e o Dj Odair, do Grupo Negredo), Z`Africa Brasil, enfim muita música brasileira e os clássicos internacionais, que não dá pra deixar de lado.

Deixe um salve pra quem tá lendo sua entrevista no Portal Enraizados.
É preciso ter a consciência que a criatividade do hip hop é um talento nosso, nasce, brota em nosso meio, e em abundância.
É preciso sabedoria e respeito na hora de negociar esse talento.É preciso se ter noção do valor que isso representa para a nossa comunidade, não valor financeiro, porque se o preço for sua meta eles te pagam e depois fazem o que quiser com seu talento. Ao final te jogam na lixeira. Tem muita gente famosa com depressão.
Que em 2008, os sonhos que embalam a nossa força de vontade possam se tornar realidade, não por "Papai Noel" e sim por nossas práticas coerentes e por amor a causa.

Nenhum comentário: