6 de dezembro de 2007

A Familia

Entrevista com o Grupo A Familia

ANP: Como está o cenário do rap hoje em dia?
C: Eu vejo o cenário como uma nuvem de turbulência, porque o mercado fonográfico é muito competitivo e hoje você vê que existem vários grupos de rap se lançando no mercado, mas poucos com compromisso sério. Não é mais como anos 90, quando você tinha 6 ou 4 grupos de rap que tinham proposta de compromisso com suas letras. Tenho preocupação com o conteúdo das letras de rap hoje.

ANP: Importância com rap na periferia brasileira?
C: O rap funciona como opção, um ponto de vista, não adianta a gente falar nas letras que as pessoas devem mudar se elas mesmas não querem mudar. O rap não é tortura psicológica, mas sim informação, auto-conhecimento. Eu não quero que o rap seja válvula de escape, “o moleque quer ser ladrão desde criança, o que ele vai fazer? Cantar rap ou ser ladrão?” Primeiramente a gente diz que o rap e o estudo caminham juntos.

ANP: O que é o “castelo de madeira” e o que ele representa?
C: Ele representa hoje o orgulho da família brasileira em ter um teto de madeira, e saber que sua dignidade não se resume a pregos e madeiras, mas saber que sua dignidade é inabalável. Por mais que você more num “castelo de madeira”, você sai pra trabalhar todos os dias. A origem do “castelo de madeira” é um barraquinho simples na favela da Sapolândia, em Sumaré (interior de São Paulo). Quando A Família fez essa música, a gente pensou “não podemos ser egoístas e achar que só aqui é o castelo de madeira, existem milhões de brasileiros que não tem teto e não tem chão, e outros que tem teto de madeira, de brasilit. É a dignidade humana acima de tudo, é saber valorizar a casa que você tem por mais simples e humilde que seja.

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